Há certos modismos no Brasil que causam estragos irreversíveis. A onda de violência que assola o Rio tem algumas causas remotas e outras atuais, exigindo remédios em doses diferenciadas. A Juíza Denise Frossard, com toda razão, tem repetido aos quatro cantos que a Constituição de 88 foi elaborada por poetas. É o caso do Título V que se ocupa da segurança do estado, das instituições e dos indivíduos, colocando todas estas especialidades num saco só. Simplesmente ignoraram que a segurança do indivíduo é mais importante do que a do estado e das instituições, pela simples razão de que o homem antecede ao estado.
Infelizmente, segurança pública virou discurso acadêmico. Um exemplo é a convocação de sociólogos para cuidarem de segurança. Governantes mal preparados estão confundindo violência com segurança. Se a discussão se limitasse à gênese social da violência, até que os sociólogos poderiam deitar falação. Não é o caso, a urgência é de segurança. Violência é conversa para médio e longo prazos e envolve um sem fim de ingredientes.
Imaginemos que o caríssimo leitor estivesse sendo assaltado em casa ou na rua, ou preso num cativeiro infecto, você chamaria o policial mais próximo ou o catedrático da Sorbonne ? Duvido muito que nosso querido sociólogo saiba a diferença entre pistola e revólver; ou que o facínora assaltante e estuprador tenha paciência de ouvir as belas teses sociológicas querendo convencê-lo a depor as armas.
Fico imaginando o estado de espírito de um bravo coronel da PM que, desde o tempo da Escola de Formação da PM, anos a fio, expôs sua vida em troca de salário tão pequeno. Será que 30 anos de enfrentamento não lhe renderam a experiência que falta ao sociólogo ? Pois, de repente, esse oficial, pleno de idealismo e com tantos cursos de especialização, passa ser comandado por um sociólogo que, também com todos os méritos, passou a vida lendo e escrevendo livros e mais livros, sobre as mais diversas e charmosas teses.
A primeira coisa a fazer em matéria de segurança é colocar cada "macaco em seu galho". Já seria de bom tom não confundirmos violência e segurança. Os sociólogos seriam insubstituíveis na geração de idéias que possam evitar a violência e a proliferação de bandidos. Mas, depois que o " bicho pega", quero mais é ver polícia por perto. Chega de verborréia, vamos agir imediatamente, com violência intimidatória se preciso for. Deixemos as passeatas elitistas para um segundo momento. Em tempo, conhecem algum bicheiro que tenha sido assaltado ?