Surfando com os diabinhos.

Gilberto Ramos – economista*.

A campanha presidencial já começou e, por enquanto, só ouço a sonoridade dos realejos com os argumentos mais nostálgicos. Mas que tal se os candidatos tivessem uma preparação melhor em “rudimentos de economia”. Atacar banqueiros e bancos sempre deu certo em se tratando de um país que reúne 80% do povo nas classes pobre desesperada e média remediada. Os pobres são convencidos facilmente de que os ricos são a razão de suas carências; a classe média fica irada com a corrupção que se locupleta dos impostos pagos com tanto sacrifício e nenhum retorno. Assim, o discurso revanchista e acusatório repercute muito mais do que a exposição de idéias e obras. Esse é o discurso chuchu ? Foi assim que a classe média se sensibilizou com Jânio e sua vassourinha varrendo da política todos os corruptos. Deu no que deu e, depois de sua morte, verificou-se que seu inventário não era tão insignificante levando-se em conta que sua única atividade até entrar na política era o magistério. Depois veio a era Collor com o demagógico e sonoro discurso pelos “descamisados”. Agora o papo é satanizar os juros, os bancos e os banqueiros. Chegaram até a dizer que não pagam impostos, que o lucro é astronômico, que são os vampiros da nação. Essa rejeição ao lucro Freud explica, ela vem do tempo do Brasil colonial, época em que o chique era viver da renda do patrimônio e não do lucro do trabalho. Só o plebeu trabalhava. O sistema financeiro, os bancos e seus periféricos se constituem num setor empregador formal de dimensões fantásticas. Quem dera que a gestão estatal fosse tão eficiente. Três perguntinhas finais: se banco é tão bom negócio, porque os detratores não abrem um ? Por que a Suiça, símbolo do capitalismo e do sistema bancário tem tão boa distribuição de renda e qualidade de vida ? E se no seu quarteirão só tivesse dois bancos, um dando lucro e outro no prejuizo, em qual você abriria sua conta ?

*Candidato a Dep. Estadual com o nº 11.234 do PP. O site Italiamiga foi o único site independente escolhidp para divulgar seus compromissos políticos. É a primeira vez que, no Brasil, um candidato toma esta atitude de absoluta transparência. Com esta medida os eleitores poderão cassar seu mandato sem precisar esperar por aquele teatro de comissões de inquérito e regimentos feitos sob medida para adiarem a punição de parlamentares bandidos.