Nem tudo está perdido

Gilberto Ramos - economista

Esta semana ouvi um agradável zum-zum político: a possibilidade de Marcílio Marques Moreira ser candidato ao governo do Rio em 2006. É bom demais para ser verdade. Já estou curtindo a esperança de salvarmos o Rio do atoleiro administrativo que nos sufoca há décadas. Só de imaginar que poderemos, a um só tempo, defenestrar o populismo a R$ 1,00 e os factóides midiáticos, serve para mostrar que o Rio está vivo e que é possível reverter este atoleiro em que nos metemos desde o primeiro mandato de Brizola. Com a saída do governo federal do Rio para Brasília as coisas desandaram por aqui. Os prefeitos que se sucederam eram da corriola dos governadores e ambos faziam oposição ao presidente da república. O Rio se esvaziou pouco a pouco e sua importância no cenário político nacional afundou. A verdade é que não temos ninguém que tenha despontado com dimensão pessoal que pudéssemos imaginar ocupando papel de relevo no país. Raríssimas exceções, depois de Carlos Lacerda o Rio só teve aventureiros ambiciosos ocupando o espaço político fluminense. A alternativa de Marcílio para o governo do estado caiu do céu. Tomara que ele aceite esta missão. Marcílio foi Ministro da Fazenda dos melhores. Quando o governo Collor, atolado na lama da corrupção palaciana começou a fazer água, a sociedade exigiu que aquele ministério de escroques alagoanos fosse trocado e uma seleção de homens de bem assumiu a administração federal. Cariocas do quilate de Marcílio e Célio Borja foram então para Brasília em busca da governabilidade. Tendo sido Ministro da Fazenda, Marcílio poderia resgatar a dimensão nacional do Rio e, como ex-Embaixador nos EUA, seria uma opção para dar visibilidade internacional ao empobrecido Rio. Marcílio é um intelectual de rara e sólida formação. Poliglota e homem de grande sensibilidade social, fruto de religiosidade discreta e profunda. Sua ligação com San Tiago Dantas, deu-lhe a certeza de que a atividade política só se justifica desde que exercida com espírito público e voltada para o bem comum. Seu nome transitaria facilmente à esquerda e à direita, jamais se deixando contaminar pela politicagem barata que nos assola. O Rio de Janeiro prestaria um grande serviço ao Brasil colocando no governo estadual um homem habilidoso e conhecedor do mundo financeiro já que foi presidente do Unibanco. Sem esquecer que foi o melhor presidente da COPEG, estatal que tanto ajudou a alavancar a economia da antiga Guanabara. Chega de diminutivos e factóides, Marcílio neles.