A escolas estaduais estão em greve, o que não chega a ser novidade. Em parte porque continuamos aplicando o ultrapassado modelo da escola pública estatal. Mas será que a escola para ser pública tem que ser estatal ? No mundo inteiro o estado deixou de ser prestador de serviços e está se transformando em comprador de serviços. No caso da educação algumas experiências exitosas precisam ser estimuladas. A UNICEF tem recomendado a "MICRO GESTÃO PRIVADA DA ESCOLA PÚBLICA". Decodificando: escola sob o sistema de cooperativa, aproveitando o mesmo pessoal já alocado em cada escola pública, portanto, sem ferir direitos adquiridos pelo funcionalismo.
As Prefeituras pagariam POR ALUNO a cada uma das escolas que quisessem operar no novo sistema. Constituída a cooperativa e fixado o custo/aluno matriculado, a Prefeitura daria o cheque para remuneração de professores e funcionários. Do valor bruto seria deduzido o total dos contracheques e a diferença seria rateada segundo critérios estabelecidos, autonomamente, pela própria cooperativa. O contrato de gestão incluiria merenda e material escolar, com a Prefeitura se obrigando a entregar o prédio em perfeitas condições.
Imaginemos que numa determinada escola houvesse um professor faltoso incorrigível e de má qualidade pedagógica. A cooperativa poderia requisitar um substituto e, caso a Secretaria Municipal de Educação não dispusesse, a direção da escola contrataria pela CLT até um máximo de 25% do pessoal total. O corporativismo estaria condenado. Ninguém toleraria que a sua remuneração ficasse menor por obra e graça do professor ausente cronicamente. A direção também poderia remunerar melhor os bons professores, desigualando os desiguais. Que bom. Um dos graves problemas da escola pública é a pasteurização salarial, fruto da perversa, insana e burra isonomia.
As experiências que tenho examinado me entusiasmaram. Professores que adotaram esta fórmula estão podendo receber muito mais do que antes. A greve passará a ser um gol contra, na medida em que o alunado poderá optar pela escola vizinha melhor administrada. A competição entre as escolas, além de revelar as deficiências de algumas delas, premiará as mais procuradas e qualificadas. E viva a competição, quem ganhará no final é o aluno.
Esse modelo poderia começar na pré escola e, lentamente evoluiria para todo 1º grau. Garanto que o custeio da escola será bem menor sendo o dinheiro totalmente administrado pela cooperativa. Só livrar-se da tutela administrativa e burocrática das hierarquias dos governos já permitiria que a boa escola recuperasse sua auto estima. Os professores estão na indigência e, lamentavelmente, não perceberam que foram condenados por uma formatação administrativa que parou no tempo. Escola pública significa democratização do acesso, com prédio estatal, recursos estatais, porém, nada impede que se aproveite algumas vantagens da iniciativa privada. Por acaso uma professora de matemática, seja ela funcionária pública ou professora particular, consegue enunciar Pitágoras diferentemente uma da outra ? Xô mesmice !