Coligações

Gilberto Ramos - economista, foi Vice-Prefeito do Rio

O TSE, respondendo à consulta patrocinada pelo Dep. Miro Teixeira (PDT-RJ), resolveu disciplinar a formação de coligações nos estados e, assim, determinou que a que for celebrada em âmbito federal não será diferente nos estados. Achei ótimo. Os políticos profissionais, claro, pularam nas tamancas. Lembram daquela propaganda - "satisfação garantida ou seu dinheiro de volta" ? Os negócios envolvendo os valiosos tempos de televisão viraram ouro em pó. Partidos nanicos sem voto - e sem pudor - leiloam a legenda. Compradores não faltam. Assim tem sido. As eleições em dois turnos foram uma tentativa para dar ao eleito mais legitimidade, já que antes ninguém conseguia a maioria. O problema é que, como não temos cultura democrática, os candidatos fazem qualquer papelão para conquistarem mais um naco de votos e, sobretudo, afastarem possíveis concorrentes. O acusado de ladrão ontem, de repente, virou o respeitável aliado de hoje. Sou ainda mais radical que o TSE e proponho:
a) no primeiro turno cada um por sí, coligação só no segundo turno;
b) eleições parlamentares só após a proclamação do presidente e dos governadores;
c) o presidente e os governadores poderiam - e deveriam - após eleitos, pedir, abertamente, que o eleitorado votasse nos candidatos dos partidos que os apoiaram no segundo turno, de forma a viabilizar a governabilidade.

A custo zero acabaríamos com o balcão de negócios em que se transformaram os corredores do Congresso e evitaríamos os freqüentes impasses institucionais, tão perigosos para a democracia. Vide o passado.