Recebi essa notícia com profundo pesar. Conheci Artur da Távola há quase
vinte anos e sempre apreciei nele o grande intelectual, o jornalista notável e,
como político, o verdadeiro democrata, ou melhor, social-democrata.. Ele era uma
criatura humana excepcional pela sensibilidade e carinho que devotava às
pessoas. Artur da Távola sempre teve postura ética admirável, obtendo, assim, o
respeito de todos que acompanharam sua brilhante trajetória. Sua vasta cultura,
sua grande abertura intelectual para todas as manifestações culturais o tornam
homem de espessura internacional. O convite que fez a Eunice Khoury e a mim de
organizar e apresentar na Rádio Roquette Pinto as manifestações musicais da
França e da Itália é a demonstração da sua visão internacional, ele mesmo grande
conhecedor e divulgador do mundo cultural germânico. Seus programas de músicas
clássicas representam o grande marco deixado de herança aos cariocas e aos
brasileiros. Como pessoa humana sempre achei que ele tinha uma capacidade enorme
de criar o consenso, procurando sempre o meio termo, conciliando os
antagonismos. Seu desaparecimento nos causa forte dor, seja pelos atributos
intelectuais, seja pela pessoa extremamente afetiva.