Bem-vindo a Alberobello: la città dei trulli

Claudia Valeria Arantes Lopes

Pode parecer um sonho, mas, no mundo real, existe uma cidadezinha encantada, onde as habitações são brancas, feitas de pedras sobrepostas e telhado cônico, sobre o qual são desenhados, com cal branca, símbolos cristãos e pagãos. Esta cidade chama-se Alberobello – o nome deriva de Sylva Arboris Belli (selva das árvores de guerra) – e fica na Puglia, no alto de uma colina, entre oliveiras e amendoeiras. Os habitantes dos trulli são pessoas hospitaleiras e sempre atentas aos turistas. Para estes, são confeccionados belíssimos souvenires feitos de pedra em forma de trulli; toalhas de linho bordadas à mão; almofadas decoradas; tapetes; bolsas. Com singular simplicidade, essa gente de origem camponesa convida as pessoas a entrarem em suas casas – decoradas com o artesanato local –, para conhecerem o interior destas construções quase mágicas. O solo de Alberobello é caracterizado por um extrato de crosta terrestre de origem calcária, que facilitou a formação de camadas de rochas planas de várias espessuras. Com o decorrer dos milênios, isto favoreceu o desenvolvimento e a evolução de construções em pedra. Sobre o planalto delle Murge e na cerrada Selva di Fasano, fixaram-se, no período pré-histórico, tribos vindas do Oriente Médio, habituadas a construir túmulos e Specchie para proteger-se das tempestades, dos ventos, da neve e do calor. Esses povos trouxeram tradições de vida e de morte, como o costume de construir habitações com cúpulas cônicas, iguais às existentes no território Assírio, com pináculos e símbolos mitológicos como os que vemos sobre os Trulli de Alberobello. Em ordem cronológico-histórica, dos túmulos passaram-se às Specchie e, sucessivamente, aos trulli. Sem dúvida, as cúpulas cônicas foram introduzidas na Puglia pelas mesmas tribos provenientes da Ásia Menor, que milênios antes trouxeram as Specchie e os Dolmen. Ainda que os trulli tenham sido construídos em época remota, a sua difusão nos campos e em alguns centros, como Alberobello, começou no final de 1500, quando o vice-rei do Reino de Nápoles permitiu que os camponeses cultivassem uvas e hortaliças – até então, as terras serviam somente para o pasto – e construíssem casas a secco, ou seja, feitas de pedras sobrepostas, sem argamassa e sem cimento. Em Alberobello há mais de mil trulli, espalhados pelas estradinhas da cidade. O trullo mais alto chama-se Sovrano (soberano) e foi declarado Monumento Nacional em 1930, por sua arquitetura singular e inovadora. Características também são La casa d’amore – construção datada de 1797 e primeira a não seguir o padrão dos trulli –, a Igreja a trullo de Santo Antonio, os Trulli Siameses, a catedral de São Cosme e Damião, entre tantas outras atrações. É difícil traçar um itinerário para o visitante. O melhor mesmo é deixá-lo descobrir, sozinho, toda a magia e o encantamento desta cidadezinha que se perpetuou no tempo.

E para petiscar....