Por que a Itália é amiga?

Responde o acadêmico Antonio Olinto

por Edoardo Pacelli

Antonio OlintoMinha ligação com a Itália é antiga. Originário de uma família muito católica do interior de Minas – meu tio e um primo foram padres – entrei no seminário de Belo Horizonte. Eu fui um dos escolhidos para dar prosseguimento aos meus estudos num colégio de Roma e, por isso, viajei para São Paulo para aprender a língua italiana. Comecei a ler e falar italiano, era lá que eu ia estudar. Infelizmente naquele ano, 1935, houve a invasão da Abissínia por parte de Mussolini e minha viagem foi adiada. Em 1937 deixei a batina, mas a Itália já despertara em mim a sua importância. O lado cultural me foi iluminado por Manuel Bandeira. Certo dia, cheguei perto dele e cumprimentei-o «Bom dia, poeta!» e ele me respondeu «Poeta? Poeta é Dante», não há outro Poeta a não ser Dante. Esta frase nos leva a Itália. É a Itália, com sua língua. Tudo isso foi criando em mim entusiasmo e deferência, até que eu pude conhecê-la, já de adulto: Roma, Turim e Milão. Em Milão está a minha editora, Jackabook, que já editou cinco livros meus. Em Turim fui chamado como palestrante pela Fundação Grinzane Cavour, num encontro no qual participaram oradores dos cinco continentes. Participei de inúmeras conferências em Roma e em Nápoles. Certa vez, Charles Wagley, um professor norte-americano que dirigia o setor latino, me perguntou: «Você está com Moscou ou com Hollywood?», eu respondi: «Nem com Moscou, nem com Hollywood, eu estou com Roma!» A pergunta referia-se ao fato que os brasileiros eram vistos ou como esquerdistas ou como filo americanos. Eu quis mostrar-lhe, assim, minha essência cultural e espiritual