Ennio Morricone - O Gênio Italiano da trilha sonora

Carlos Augusto Brandão para a Italiamiga

O compositor Ennio MorriconeNa noite de premiação do último Oscar , Ennio Morricone era candidato a receber o prêmio de melhor trilha pelo seu trabalho no filme Malèna , de Giuseppe Tornatore. O extraordinário compositor, concorrendo pela quinta vez, mais uma vez não teve o reconhecimento da Academia para a sua carreira que inclui até agora 393 trilhas - algumas antológicas - que fizeram enorme sucesso em todos os países onde foram lançadas. Nas vezes anteriores, ele havia concorrido com Cinzas do Paraíso (79), A Missão (87), Os Intocáveis (88) e Bugsy (92) . Morricone é um dos compositores mais versáteis e férteis atualmente trabalhando no cinema. Ele tem uma obra tão grande de trilhas para filmes que, para evitar acusações de monopolizar o mercado, ele chegou a se esconder algumas vezes nos créditos atrás de pseudônimos como Leo Nichols e Dan Savio. O grande compositor nasceu em 11 de outubro de 1928 em Roma, onde formou-se no conservatório Santa Cecília. Começou a compor regularmente para os filmes italianos no começo dos anos 60 e desde então também tem trabalhado para inúmeras produções internacionais. Sua primeira trilha para o cinema foi para o filme O Fascista, em 61, e sua trilha mais recente foi composta para uma produção de TV - La Tour Secrète, de Alberto Negrin . Com 73 anos, ele continua em plena atividade, encantando seus fãs com trilhas para todos os gêneros. Apenas para dar uma idéia, Morricone foi o gênio capaz de escrever uma trilha como a do filme Era uma Vez no Oeste - onde faz com que o som de uma locomotiva seja quase um personagem do filme , de compor uma obra prima de delicadeza e de sentimento como a trilha de Era uma Vez na América e de criar uma trilha eletrizante para um filme como Os Intocáveis. Nesta última, fez o tema principal para Al Capone com uma música meio teatral e tão colorida quanto a própria figura arrogante do gangster. Sua contribuição de trilhas para os filmes de faroeste é enorme e única: Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais, O Bom, o Mau e o Feio, Quando Explodem as Paixões são apenas alguns exemplos. Estas duas últimas , por sinal, inesquecíveis e incluídas na maioria das antologias musicais do cinema. Da mesma forma, é muito rica sua participação nos filmes de gangsters como Bugsy, de Barry Levinson, que lhe valeu a indicação para o Oscar em 92. Nessa trilha, Morricone dá vazão a um tipo de música que ele começava a criar no começo dos anos 90 e que trazia estruturas sinfônicas inusitadas, eventualmente incluindo flauta de pan , elementos eletrônicos e corais. A exemplo de muitos compositores, Morricone gosta de conduzir a trilha de um filme com muitas músicas suas; algumas vezes, no entanto, utiliza músicas compiladas de outros artistas. Foi o que ele fez , por exemplo, em Lolita que tem clássicos como Amor, Stardust e I'm in the Mood for Love e também em Era uma Vez na América, que além de uma trilha original feita especialmente para o filme, inclui um novo e lindíssimo arranjo para Amapola, de Ernesto Lecuona, que se encaixa maravilhosamente na trama. Outro exemplo perfeito foi a inclusão de Here's to You cantada por Joan Baez na trilha sonora conduzida por Morricone para o filme Sacco e Vanzetti, de 70, de Giuliano Montaldo. O versátil e extraordinário compositor também já fez sua incursão no cinema mudo, compondo uma trilha original para o filme Ricardo III de 1912, o mais antigo longa americano preservado. Com uma carreira de 40 anos dedicada a compor músicas de filmes, Morricone tem seu lugar assegurado na história do cinema como um dos maiores compositores de trilhas sonoras de todos os tempos.