No dia 1 de janeiro de 2001, os onze Países da União Européia vão renunciar a uma das maiores prerrogativas de uma Nação: sua moeda. É por isso que ITALIAMIGA quer oferecer a seus leitores uma visão de algumas das moedas italianas, descrevendo os personagens que enfeitam as liras, destinados a desaparecer. Iniciamos com a menor nota, a de mil liras, na qual é reproduzida uma grande educadora. Trata-se de Maria Montessori.
Montessòri
(Maria), pedagoga e educadora italiana (Chiaravalle, Ancona, 1870 -
Noordwijk, Olanda, 1952). Foi a primeira mulher, na Itália, a conseguir a
láurea em medicina; dedicou-se, após os estudos universitários, à cura das
crianças afetadas por doenças mentais, chegando logo à conclusão que o
tratamento educativo conseguia resultados mais positivos que as curas médicas
tradicionais. Depois ter dirigido a Scuola Magistrale Ortofrenica de Roma
(1899-1900), iniciou a atividade diretamente educativa fundando (1906) a «casa
dei bambini», (casa das crianças), destinada aos filhos das famílias
operárias do bairro San Lorenzo em Roma. A Montessori deixou a Itália
em 1936; foi em várias partes do mundo, da Índia aos Estados Unidos, da
Suécia à China, onde cuidou do rápido florescer das escolas montessorianas
e terminou seus dias num vilarejo de pescadores holandês perto da cidade de Léida,
que tinha escolhida como sua residência definitiva. A ideologia da Montessori
funda-se sobre o que foi chamado o «messianismo da criança», isto é, sobre a
atribuição à criança de energias criativas e de disposições morais, o
amor, que o adulto possui comprimidas dentro de si tornando-as inativas. Por
isto o adulto tende a reprimir a criança, impondo um ambiente feito em outra
medida, obrigando-o, desde a primeira infância a formas e ritmos de vida
inaturais. Por esta razão, a escola montessoriana se caracteriza, em primeiro
lugar, por ambientes construídos a medida das crianças, depois pela ativação
da vida ambiental, com uma oportuna adequação das ocupações e com a
utilização de materiais de desenvolvimento (encaixas, fios coloridos, ecc.). O
método montessoriano, apesar de algumas reservas, é atualmente largamente
difundido, sobretudo no exterior. Obras principais: Il metodo della pedagogia
scientifica applicato alla educazione infantile nella casa dei bambini (1909), L’autoeducazione
nella scuola elementare (1916), Manuale di pedagogia scientifica (1930),
Educazione e pace (1949), Il segreto dell’infanzia (1950), La mente del
bambino (1952). Desde 1990 a efígie da Montessori aparece nas notas
italianas de 1.000 liras.
A segunda nota considerada,a é a de cinco mil liras, que reproduz o retrato de um compositor, Vincenzo Bellini.
Bellini
(Vincenzo), compositor italiano (Catania 1801 - Puteaux, Parigi, 1835).
Pertencente a uma família de músicos originários dos Abruzzi,
demonstrou precoces atitudes musicais e cumpriu as primeiras experiências
assistido delo avô e pelo pai; ao mesmo tempo, cultivava o estudo das letras.
Depois de uma conspícua produção juvenil, entre elas merecem ser lembradas as
óperas Adelson e Savini, Bianca e Fernando e Il pirata, uma doença no
verão de 1830 e a crise espiritual que seguiu, produziram em Bellini a forte aspiração
a uma purificação artística, que está à base das duas obras-primas de 1830
e de 1831: La sonnambula e Norma. Poucos meses depois, pelo
reagravar-se da doença no fígado, faleceu antes de completar seus 34 anos, chorado
pela Europa inteira. O corpo do maestro foi embalsamado, e, em 1876,
transportado em Catánia. A produção belliniana, limitada ao decênio
1825-1835, além dos melodramas já lembrados, compreende música sacra (entre
elas duas missas, Magnificat, Salve Regina, Credo, Te Deum), sinfônica e
de câmara (seis sinfonias, concerto para oboé, muitas árias, romanze e
cantadas). Na ópera teatral a personalidade de Bellini teve a força de reagir
seja ao influxo da escola napolitana, seja ao prepotente domínio do ímpeto rossiniano,
afirmando seu próprio mundo interior, através da pureza de um lirismo absoluto
e universal. Não meditou novas estruturas na arquitetura do melodrama, mas
inovou a livre conduta das árias e o significado dramático dos recitativos. As
quatro operas milaneses (Pirata, Straniera, Sonnambula, Norma) marcam a
separação do "setecentístico" melodiar de Paisiello e de Cimarosa.
Wagner, a propósito de Norma escreveu: «A ação, sem efeitos vistosos, nos
lembra a dignidade da tragédia grega».
Continuamos com um dos gênios italicos, o pai da eletricidade, Alessandro Volta.
Volta
(Alessandro), físico italiano (Camnago, hoje Camnago Volta, Como 1745 - Como
1827). Volta nasceu em Como, cidade à beira do lago homônimo, onde viveu e
conduziu suas pesquisas que o levaram a descobrir, entre outras coisas, o gás
metano, o micro-eletroscópio e a publicar as leis sobre a dilatação isóbara
do ar, antes de Gay-Lussac. Em 1792 inicia sua disputa com Galvani, sobre a
natureza da eletricidade. Em 1799 constrói a primeira pilha e, no mês de
março de 1800, numa célebre carta endereçada ao Presidente da Royal
Society podia comunicar, dois anos depois, a invenção da pilha elétrica,
dando o ano sucessivo em Paris, uma demonstração pública à presença de
Napoleão Bonaparte que lhe conferiu, pela importância da descoberta, medalha
de ouro. Com a pilha, inicia a era da utilização da eletricidade.
Terminamos essa breve viagem pelas moedas italianas com um dos maiores pintores da Renascimento. Trata-se de Michelangelo Merisi, dito o Caravaggio.
Caravaggio,
apelido de Michelangelo MERISI (o MERIGHI o AMERIGHI), pintor italiano (Caravaggio,
1571 cerca, Porto Ercole 1610). Caravaggio revelou-se como pintor em Roma com
pequenas telas de aparência humilde, mas de conteúdo e matéria pictórica
elevados e já revolucionários: o Ragazzo con il cestino di frutta e il Bacchino
malato (Roma, Galleria Borghese). Seguiram obras jà mais maduras como
Il Riposo in Egitto e La Maddalena (Roma, Galleria Doria
Pamphili), la Cena in Emmaus (Londra, National Gallery), obras nas quais a
perspectiva se amplia, aparece a paisagem e faz seus primeiras ensaios sobre
aquela irepetível luz caravaggesca que se tornará o elemento originalíssimo
de tantas composições sucessivas. Esta primeira atividade culmina nas telas
pintadas entre 1598 e 1600, para a capela Contarelli in San Luigi dei Francesi:
la Vocazione e il Martirio di san Matteo. Entre 1600 e il 1601 Caravaggio pintou
para a capela Cerasi in Santa Maria del Popolo, sempre em Roma, a Crocifissione
di san Pietro e a Conversione di san Paolo, o quadro sacro mais
revolucionário do século. Os primeiros anos do século XVII foram
caracterizados por uma longa série de desventuras que levaram Caravaggio à
morte, dia 18 de julho 1610.