A
Grécia Salentina fica no coração do
Salento e abrange os municípios de Calimera,
Castrignano dei Greci, Corigliano d’Otranto, Martano, Martignano, Melpignano,
Soleto, Sternatia e Zollino. Não se sabe ao certo quando se formou essa colônia
grega, mas as duas principais hipóteses apontam para o período bizantino e para
a Magna Grécia. A principal característica dessa área é o griko – língua dos
gregos da Terra d’Otranto –, que conseguiu sobreviver no Salento. Seu período de
maior esplendor foi durante o Império Bizantino, quando se tornou a língua do
poder, da Igreja e dos nobres. O florescer da língua e da cultura helênica
deu-se com a chegada dos monges basilianos ao Salento, em fuga do Oriente devido
à imposição iconoclasta – movimento contrário à adoração de imagens nas igrejas
cristãs do Oriente, entre os séculos VIII e IX. O declínio do griko deveu-se a
fatores como a forte latinização, ocorrida no século XI, a queda do império
bizantino e a separação da Igreja Romana de outras igrejas. Mais recentemente, a
imposição da língua italiana, o serviço militar obrigatório para os jovens – que
se afastavam das suas raízes e, ao retornar, traziam inovações lingüísticas –, a
televisão, o rádio, os jornais. Com o final do isolamento dos municípios da
Grécia Salentina, houve um aumento muito significativo de matrimônios com i
forestieri, facilitando a introdução de vários termos dialetais de outras áreas
e regiões. Além disso, o italiano era a língua oficial (dos “senhores”) e o griko, a língua das pessoas ignorantes, que começaram a envergonhar-se de
falá-la. A língua grika entrou num estado de isolamento do qual nunca mais saiu.
Com a recente revalorização da cultura popular, iniciou-se uma obra de
recuperação e conservação da língua e da cultura greco-salentina. Tarefa difícil
porque, atualmente, há poucos centros onde o griko ainda é falado e
compreendido, sobretudo, pelas novas gerações – somente os mais velhos falam em
griko. Apesar de tudo, existe uma vasta produção literária e lírica: lendas,
histórias, canções, traudi (cantos de amor), lamentos, moroloja (lágrimas
fúnebres). Também a poesia teve grande repercussão, entre os literatos e a
população – uma poesia cheia de ingenuidade, que exprime sentimentos e aspectos
da vida quotidiana. A mistura de elementos gregos e salentinos proporcionou às
cidades da região um desenvolvimento cultural autônomo e original. Vários traços
da cultura helênica eternizaram-se na arquitetura, na música, na gastronomia,
nas tradições e na língua, finalmente tutelada por uma lei do Parlamento, que
protege as minorias lingüísticas.
ÒRRIO IO TO FENGO
Òrrio tto fengo pu su ste kanòni
Ma en io tosso ciso mea spiandoro
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BELLA ERA LA LUNA
Bella era la luna che tu guardavi
Ma non fu tanto quella grande luce |
Klàfsete, klàfsete, klèome ‘Utti mana skunkulata Ti torì to pedai ttì Na pai ‘ci kau s ti pplaka E ttu pònise u Tanatu
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Piangete, piangete, piangiamo Questa madre sconsolata Che vede il suo bambino Scendere sotto la tomba E non dolse alla morte |